Ontem vi um sorriso escorrer por meus lábios como papinha em boca de criança.
Meio enojado, meio chateado, meio sem graça, engoli o riso como se fosse uma atriz de novela mexicana engolindo o choro.
Tudo aconteceu bem rápido, talvez nem o olhar mais atento teria percebido.
Felizmente não me engasguei com meu riso falso e não gastei meus dentes amarelados de nicotina com um mais um sorriso inútil.
Felizmente estava só, curtindo minhas dores mais cortantes, desenhando flores mortas e aviões sem asas.
Foi quando vi meu cachorro comendo mais um ex-gato do visinho.
Foi inevitável, eu tinha que rir. Dos sete que ele tinha esse já era o terceiro.
Engoli o riso, numa mistura de engasgo e epifania, quando percebi que a desgraça do gato era ínfima perto da minha.
2 comentários
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29/12/2009 às 11:57
Lucão
Essa dupla de um só, que resolve escrever e desenhar ao msm tempo, vai acabar com minhas perspectivas profissionais hehehehee
muito bom, xará. Gostei pra dedéu!
sai que é sua, bixo!
29/12/2009 às 19:23
clarissa
nossa gostei bastante do texto. parabéns!